Próprias Palavras

A liberdade está em se ser dono da própria vida. (Platão)

16.10.06

Cosmos

Acabo de ler a entrevista de Gabeira no Globo de hoje e concordo em parte. Estou com ele quando diz que não tem em quem votar, mas não concordo com a justificativa que dá para Alckmin.
- Dificilmente um homem do interior tem o nível de cosmopolitismo necessário para entender esse processo e reagir a ele – disse Gabeira.
Como um bom homem do interior não poderia concordar jamais com tal afirmativa. Gabeira é um homem inteligente, um político brilhante, mas pisou na bola. Acho que faltou uma assessoria por perto!

Paranóias

Ansiedade e tensão. É assim que tenho me sentido nos últimos dias. Não cheguei a comentar aqui no blog, mas estamos, digo estamos porque falo em nome da Minas de Idéias, divulgando a terceira edição da Festa Internacional de Teatro de Angra – FITA. O evento é bem bacana e trabalhar nele tem sido desafiador.

A ansiedade e tensão que me refiro no início do texto é em função da coletiva de imprensa que marcamos para a próxima terça-feira, amanhã. Convidamos artistas, autoridades e jornalistas. O principal medo é que algum desses três segmentos não dê às caras e nossa coletiva seja um fracasso. Fora isso, também temos medo que o auditório da Modern Sound, que tem capacidade para 55 pessoas, fique lotado e não consigamos fazer um evento legal.

Isso sem contar naqueles medos ridículos, como por exemplo o buffet estar estragado e os convidados terem uma infecção intestinal, ou então acabar dormindo demais e não conseguir acordar no horário, despertando só no meio do dia. Ainda tem aquelas paranóias mais ridículas ainda, como perceber no meio do evento que estou sem calça (pesadelo de adolescente) ou que um enorme tesão faça meu pênis ficar erétil durante todo o acontecimento, chamando a atenção de todos os convidados. Nossa, a mente humana é realmente fértil!!! Rs.

Só Jesus salva

Estou numa sinuca de bico. Realmente não sei o que fazer com o meu voto. Não sou adepto do voto nulo ou em branco, mas na situação atual da política brasileira definitivamente não sei qual a melhor opção.

Não posso votar em Lula, pois isso significa aceitar toda a roubalheira que se instalou no poder. Ao mesmo tempo não posso votar em Alckmin, pois isso significa aceitar um plano de governo do qual não compartilho e que já nos submetemos por longos anos.

Ó dúvida cruel, fazer o quê nesse momento!!! No primeiro turno ainda tinha a opção de Heloísa Helena... agora me sinto só.

Enquanto isso, em meu sofrido estado, o Rio de Janeiro, não consigo enxergar um final feliz para a nossa querida Denise Frossard. Uma sucessão de erros durante o segundo turno da campanha, somado a um Sérgio Cabral avassalador, fazendo parcerias e maracutaias com candidatos de diversos segmentos e crédulos, me apontam um final nada feliz.

Prevejo mais quatro anos de sofrimento para o nosso país e para o nosso estado. Que os Deuses nos protejam.

8.10.06

Infindável D.R.

Há quem não goste de discutir a relação, mas, convenhamos, existe conversa mais estimulante e que nos faz não ter vontade de parar de falar do que uma boa discussão com seu par romântico? Que atire a primeira pedra aquele que nunca ficou horas a fio discutindo um assunto que ambos sabem que não terá uma conclusão. Domingos Oliveira é craque na reprodução desses diálogos tragicômicos. Costumo dizer que ele é o nosso Woody Allen. Um autor que fala dos sentimentos humanos de forma universal e que trás todas as situações clichês sem parecer clichê.

Fui assistir a última apresentação da peça Largando o Escritório, do meu ídolo mor Domingos Oliveira. Tudo aquilo que vemos em todos os textos, peças e filmes de Domingos estão lá, inclusive com os mesmos atores (Priscilla Rozenbaum, Marcello Escorel, Dedina Bernardelli, Ricardo Kosovski e, lógico, Domingos Oliveira) Uma infindável D.R. (Discutir a relação), como definiu um amigo.

Ainda não havia visitado o Centro Cultural da Caixa na Avenida Almirante Tamandaré. O lugar é lindo, tem dois espaços destinados à exposição, um teatro de arena pequeno, porém bem dividido (coisa rara) e ainda falta inaugurar a livraria e um café. Não deve nada a qualquer outro centro cultural da cidade. Aliás, se os centros culturais se reproduzissem na mesma proporção que as igrejas universais, a cultura brasileira estaria muito melhor.

Largando o Escritório é mais um texto para ser deliciado, com humor oras escrachado, oras sutil, com momentos dramáticos e reviravoltas românticas divertidas. Quem não conseguir assistir à peça pode esperar um pouquinho, pois assim como Domingos fez com Separações irá transformar Largando o Escritório em filme.

Certamente mais um filme delicioso e com a marca Domingos Oliveira.

5.10.06

FESTIVAL DO RIO (7ª PARTE)

Esvaziamento

Não sei se foi impressão minha ou se de fato o Festival de Cinema desse ano está mais vazio. Cadê aquelas filas imensas para comprar ingresso? E o burburinho antes e depois das sessões? Me recordo de há alguns anos chegar a poucos minutos do filme e não conseguir ingresso, enquanto esse ano não presenciei nenhuma sessão lotada. Sempre cabia mais um. A sensação é a de que aumento o número de filmes, o número de eventos, palestras, encontros, festas e no entanto o público é o mesmo. Talvez seja o preço alto dos ingressos. Tinha gente reclamando que sempre pagou quatro ou cinco reais no Cine Palácio e que durante o festival teve que pagar seis e cinqüenta. Assim não dá!

FESTIVAL DO RIO (6ª PARTE)

Documentário revelação

A maior surpresa entre os documentários que assisti foi “As Filhas da Chiquita”. O filme é de uma diretora iniciante de Belém do Pará (Priscilla Brasil) e fala sobre uma festa de mesmo nome que acontece paralelamente ao Círio de Nazaré. Ela conseguiu dar uma abordagem divertida a um tema que também não teria como ser diferente. Um bando de gays divertidíssimos que se reúnem em meio a maior festa religiosa do norte do país. Priscila vai além do oba-oba e entrevistas pontos de vista divergentes, como o padre radical e uma senhora nazista. O que torna o filme ainda mais divertido!!!

FESTIVAL DO RIO (5ª PARTE)

Domingo documenta

O domingo passado foi só de documentários. Dois no total. O primeiro, muito bom, chamado Havana. Trata-se de um filme que fala sobre as ruínas de Cuba. Em meio aos velhos casarões de Havana antiga, uma crítica pesada ao governo de Fidel. Certamente o filme fará sucesso no mundo inteiro, exceto em Cuba, onde certamente sequer será exibido. O mais curioso é que ao final, durante o bate-papo com o diretor (Alemão, diga-se de passagem), ele revelou que precisou escrever diversos roteiros com enfoques diferentes para conseguir a autorização do governo cubano para filmar.
O segundo documentário do dia foi Estudando Cinema em Bagdá, uma reunião de quatro curtas feitos por estudantes de uma escola de cinema daquele país. Dos quatro filmes, dois são bons e os outros dois razoáveis. Nada demais.