Há quem não goste de discutir a relação, mas, convenhamos, existe conversa mais estimulante e que nos faz não ter vontade de parar de falar do que uma boa discussão com seu par romântico? Que atire a primeira pedra aquele que nunca ficou horas a fio discutindo um assunto que ambos sabem que não terá uma conclusão. Domingos Oliveira é craque na reprodução desses diálogos tragicômicos. Costumo dizer que ele é o nosso Woody Allen. Um autor que fala dos sentimentos humanos de forma universal e que trás todas as situações clichês sem parecer clichê.
Fui assistir a última apresentação da peça
Largando o Escritório, do meu ídolo mor Domingos Oliveira. Tudo aquilo que vemos em todos os textos, peças e filmes de Domingos estão lá, inclusive com os mesmos atores (Priscilla Rozenbaum, Marcello Escorel, Dedina Bernardelli, Ricardo Kosovski e, lógico, Domingos Oliveira) Uma infindável D.R. (Discutir a relação), como definiu um amigo.
Ainda não havia visitado o Centro Cultural da Caixa na Avenida Almirante Tamandaré. O lugar é lindo, tem dois espaços destinados à exposição, um teatro de arena pequeno, porém bem dividido (coisa rara) e ainda falta inaugurar a livraria e um café. Não deve nada a qualquer outro centro cultural da cidade. Aliás, se os centros culturais se reproduzissem na mesma proporção que as igrejas universais, a cultura brasileira estaria muito melhor.
Largando o Escritório é mais um texto para ser deliciado, com humor oras escrachado, oras sutil, com momentos dramáticos e reviravoltas românticas divertidas. Quem não conseguir assistir à peça pode esperar um pouquinho, pois assim como Domingos fez com Separações irá transformar Largando o Escritório em filme.
Certamente mais um filme delicioso e com a marca Domingos Oliveira.