“Será que a solução é queimar todos os seres e começar tudo de novo?”Acabo de assistir ESTAMIRA. Simplesmente um soco no estômago. Agora pasmem: eu tenho uma tia Estamira. Não que ela se chame Estamira, mas sua personalidade é muito parecida com a da catadora de lixo de Gramacho.
Tia Estamira é dona de uma personalidade muito forte e de um dom imaginativo muito grande. Ela consegue dar novos nomes a coisas que todos já conhecem desde que nasceram. Ela cunha novas expressões e ai de quem não conseguir entender. Seu grau de esquizofrenia não chega nem perto da Estamira original, mas isso acaba virando um mero detalhe perto das definições de vida que essas mulheres criaram. Não posso nem dizer que elas aprenderam, pois na verdade tudo aquilo que acreditam não existe anteriormente. Tia Estamira é original.
Uma coisa que o filme só reafirmou e que sempre me impressionou é como a loucura é algo tão próximo da ingenuidade. Tia Estamira se acha dona da verdade, mas apesar de tanta convicção em suas palavras, me transmite uma ingenuidade quase infantil. Classificar Tia Estamira de louca ou possuidora de um distúrbio mental é subjugar sua capacidade criativa e de concatenar as idéias. Nenhum louco, e poucos ditos “normais”, têm a capacidade que Tia Estamira tem.
Quando criança sempre tive medo de Tia Estamira. Suas reações eloqüentes, seu destempero, suas conclusões drásticas, mas que na verdade são apenas realistas e sinceras. Depois de grande passei a ver Tia Estamira com outros olhos. Olhos de quem admira um grande cientista que inventa fórmulas. Tia Estamira era o meu Einstein, o meu Ayrton Senna...