Próprias Palavras

A liberdade está em se ser dono da própria vida. (Platão)

22.7.06

Um giro de 180 graus

Nunca fui fã de saraus. No geral eles não passam de uma reunião de pessoas que acham que tem um monte de coisa interessante pra dizer, feito para pessoas que estão ouvindo só porque também querem falar. Entendeu?

É mais ou menos assim. Eu escrevo uma poesia e tenho a necessidade de divulgá-la. Daí vou a um sarau, escuto sem saco nenhum um monte de gente chata falar as poesias, crônicas e afins que produziram recentemente, enquanto aguardo a minha hora de falar. Me levanto, falo, mato a minha necessidade e todos são obrigados a me escutar, pois estarão na mesma situação que eu no momento seguinte. E assim vai.

Pois bem, estava nesse contexto há exatamente um ano, quando vejo uma jovem, mais ou menos da minha idade, se levantar para divulgar seu trabalho. Talvez por ser jovem ou talvez por nunca ter ido àquele lugar, ela teve o castigo de ser a última a se apresentar.

À essa altura do campeonato eu já estava na décima cochilada e na vigésima mensagem SMS do meu celular.

Calmamente ela pediu para ler um trecho do seu livro. Naquele momento todo meu sono foi embora, fechei o visor do celular e me emocionei. Quando Márcia começou a ler parecia que aquele texto era um resumo do momento que estava vivendo. Sabe quando você abre o minuto de sabedoria e ele fala alguma coisa que só você sabia que estava passando? Pois foi assim que me senti. Cada palavra, cada linha. O trecho escolhido por Márcia tratava de separações, despedidas, mudanças. Falava do Ser Humano e a forma como se relaciona com quem ama.

Os dramas são aqueles do dia a dia de todo mundo. A dificuldade de identificar o que a outra pessoa está pensando. O que ela quer ouvir.

O livro se chama 180 graus e a autora é Márcia do Valle. Um romance gostoso de ser digerido e com algumas reviravoltas. Vale a pena também navegar pelo blog de Márcia (http://www.soltanomundo.blogger.com.br/)

Segue um trecho do livro:

(...) Me perdoa por ter acreditado e feito você acreditar que o nosso amor resistiria a tudo, quando eu mesma sabia o que poderia arruína-lo. Me perdoa por ter sido covarde demais para te dizer “não” e ter adiado esse momento até agora. Talvez por achar que o “agora” não chegaria nunca e por ter tido medo da solidão eterna. Me perdoa por ter acreditado que ficar com você era a melhor alternativa naquele momento e ter achado que conseguiria me satisfazer só com você. E consegui, por um tempo. Me perdoa por continuar achando que ficar com você foi maravilhoso até o momento e não me arrepender. Faria tudo de novo. (...)

2 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Nossa, que honra! Adorei tudo o que você escreveu. E o engraçado é que eu tenho a mesma opinião que você sobre saraus. Na verdade, aquele foi o primeiro e único sarau que eu já fui na minha vida. Parece que foi uma daquelas pegadinhas do destino que me fez ir até lá só para você conhecer o meu trabalho! Bem que todas as coincidências que o destino coloca nas nossas vidas poderiam ser assim, tão bacanas. Bjs

8:15 PM  
Blogger Unknown disse...

Oi meu lindo, quero ler o livro da Marcia logo logo!
copiei esse trecho e mandei pro marcio... pois é, tem gente que diz tudo aquilo que sentimos, tudo aquilo que vivemos ne? e como as palavras escorregam pelas linhas e nos fazem viajar no nosso passado... ai ai ai
bem, e isso, ameio o texto, to amando o blog... tao melhor que aquele outro, tao mais maduro, nao desista dele nao, curto mto te ler!
beijos
Hi

6:56 PM  

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