Próprias Palavras

A liberdade está em se ser dono da própria vida. (Platão)

25.6.06

Limpando a fossa

Sabe aqueles amigos que se comunicam quase que por telepatia? Que quando estão passando por maus bocados não precisam nem usar o telefone para contar a situação? Pois é, eu tenho um amigo desses. Ele está vivendo um término de relação complicado e em função disso temos conversado bastante sobre o assunto. É aquele famoso estágio que todos nós Seres Humanos nos encontramos quando terminamos um namoro: a fossa. Os dicionários definem fossa como sendo um estado de tristeza, de depressão. Também definem como sendo uma cavidade feita no solo especialmente destinada a receber dejetos. Ou seja, uma definição está intimamente ligada a outra. Quem se encontra em depressão está situado em um local destinado a receber dejetos. É tudo a mesma coisa.
Pois bem, sabendo desse estágio de fossa em que se encontra meu amigo, não conseguia desligar meus pensamentos dele. E não é que a transmissão de pensamento funcionou e eis que estava eu com um grupo de amigos, quando ele apareceu. Assim, do nada. Como quem cai do céu ou brota da terra. Decidimos que era hora de sair da fossa. Não entendo porque quando as pessoas querem sair da fossa decidem encher a cara. E foi exatamente o que fizemos. Partimos os dois rumo à Lapa, berço da boêmia carioca e cenário perfeito para quem quer beber sem gastar muito e encontrar pessoas diferentes. Compramos duas garrafas de vinho das mais baratas e fomos bebendo pela rua. Em cada esquina arrumávamos um novo grupo de amigos. Passaram bêbados, velhos, crianças, viados, mendigos, travestis... tudo aquilo que a Lapa está acostuma a receber.
Bebemos. Bebemos até esquecer o motivo pelo qual estávamos bebendo. E rimos. Rimos de nós mesmos, rimos dos outros. E choramos. Mas choramos de alegria. Alegria de saber que sempre teremos um ao outro pra curtir uma fossa. Aliás, ontem entendi a expressão “curtir uma fossa”. Passei a noite curtindo uma fossa legal. Hoje Acordei com uma baita dor de cabeça, um enjôo infindável e um gosto de... fossa na boca!Me lembrei de quando era criança e via meu pai limpando a fossa da nossa casa nos finais de semana. Ontem limpamos a fossa em que se encontrava meu amigo. No lugar do sabão usamos vinho.

1 Comentários:

Blogger Unknown disse...

E não é que eu, "curtindo uma meia fossa" e passeando pelo google achei esse texto?! A-DO-REI!!!
Vivi

11:33 PM  

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